terça-feira, 16 de junho de 2009

Excertos de indignação


Excertos retirados da Comunicação não oficial do Despedimento Colectivo. Esta comunicação foi entregue nos estabelecimentos comerciais SANLUIS do Colombo (já encerrada) e Freeport (fecho a 31 de Julho)


"Assunto: Comunicação inicial de Intenção de Despedimento Colectivo

Exmo/a. Senhor/a,

Como é decerto do conhecimento de V. Exa., a díficil situação existente na SUPERLIDER ELECTRODOMÉSTICOS, LDA. obriga esta empresa a adoptar medidas indespensáveis a uma melhor e mais adequada afectação dos recursos disponíveisàs necessidades existentes."

Não, não é nem nunca foi do nosso conhecimento qualquer tipo de medidas em função de qualquer tipo de "ameaça" ao mercado de electrodomésticos, antes pelo contrário, segundo noticiado pelas principais revistas da especialidade, o mercado de electrodomésticos teve um ligeiro aumento de vendas, na ordem dos 3%, em relação ao ano anterior.

... " De acordo com o art. 363 do Código do Trabalho, a cessação de contrato será comunicada com uma antecedência não inferior a 15 (quinze) dias, caso a sua antiguidade seja inferior a um ano ..."

No meu caso e maioria, deveria ter sido comunicado no dia 1 do corrente mês e não o foi. Esta comunicação, da qual estou a transcrever excertos, foi entregue pelo gerente de loja e de modo algum foi assinado qualquer tipo de documento que fizesse prova de comunicação oficial. ESSA comunicação oficial, deveria ter sido entregue ou pelos advogados da empresa ou por correio registado, na semana seguinte às negociações com a comissão de trabalhadores. Ficou a promessa e o compromisso mas não passou disso mesmo!!

"Descrição dos motivos do Despedimento Colectivo

1. ...
2. ... a economia portuguesa e, designadamente, o sector do comércio de artigos electrónicos e electrodomésticos tem apresentado uma quebra acentuada electrónica, o que implicou que a SUPERLIDER, nos últimos 02 (dois) anos, tenha apresentado uma quebra no volume de negócios."

Como já disse, no mercado português, o consumo deste tipo de equipamento teve um crescimento de 3%. Quanto à SUPERLIDER, talvez as quebras se devam ás constantes vendas e compras da empresa, primeiro pela Menage Del Hogar que comprou as dívidas da Superlider e depois declarou falência mas não antes de ser vendida por 100 milhões de euros ao Grupo Kesa.

" 3. ...
4. ...
5. Ano de 2007: €1.740.849,85
Ano de 2008: € 2.019.622,16
1.º Trimestre de 2009: 433.139,37"

Epah, penso que não será necessária calculadora para se ver que de 2007 para 2008 houve um crescimento de vendas. Quanto aos números de 2009, seriam no mínimo, segundo estes dados, iguais a 2007 portanto, na pior das hipóteses, estávamos na mesma. O pior da história é que estes números estão aldrabados. Em 2007, as vendas superaram os 2 milhões de euros e em 2008 chegaram perto dos 3 milhões. Aldrabices informáticas mal cobertas, tsc tsc, devem pensar que somos todos uma cambada de tapados!!!! (sim, sim, existem provas). Mais acrescento que a loja de alcochete teve um cresimento real na ordem dos 8% em relação ao ano anterior portanto esses números também são algo dúbios.

"7. Note-se que, o volume de negócios tem por base a evolução de vendas, sendo que tal evolução demonstra uma clara e notória redução de vendas."

Sim, pois, nota-se. Parece o governo a tapar os buracos do orçamento de estado... com uma PENEIRA!!! Aldrabões!

Pontos 8, 9, 10 e 11 repletos de conversa económico-financeira da qual não se entende nada.

"12. Ora, da análise dos mapas de controlo interno da SUPERLIDER, facilmente é comprovado que a manutenção de tal situação para a entidade empregadora não é viável."

Será que estes mapas são controlados e respectivemente aldrabados pela mesma pessoa que aldraba os mapas de presenças para a Segurança Social? Pois, porque esses são constantemente aldrabados de forma a que as horas semanais de trabalho correspondam ás 40 e não ás 64 ou mais que eles gostariam que fossem. Existem trabalhadores a arder com mais de 500 horas extraordinárias que nunca foram pagas!

"13. Na verdade, na presente data, não existem quaisquer meios dispoiníveis para que seja atenuada a presente situação económica."

Mas qual situação económica? Até agora ainda não apresentaram uma razão plausível para o despedimento! E será que a falta de soluções para um suposto problema de vendas não se deve ao facto de terem despedido o quadro inteiro de directores espanhois da SUPERLIDER?? 20 pessoas para o olho da rua, algumas com 20 anos de empresa e em que o total das indeminizações não superou os €500.000? Vieram os franceses e decidiram que, apesar de em Portugal, o nível de vida ser mais caro que em França, todos devem pagar pelos electrodomésticos o mesmo que os franceses? Muitos sem garantia, assistência técnica ou sequer manuais em português? Isto faz-me lembrar o lema da Media Markt, que por sinal também é espanhola!

Pontos 14 e 15, mais conversa sem interesse.

"16. Com efeito, como consequência da conjuntura económica, a SUPERLIDER determinou o encerramento de dois dos estabelecimentos comerciais existentes, como sendo C.C. Colombo e Freeport Alcochete."

Mas qual conjuntura económica? Mas qual SUPERLIDER? Não quereriam dizer Menage Del Hogar? Já nem sequer existe conselho de administração da SUPERLIDER, quem é que determinou o quê?? Para que se saiba, a SUPERLIDER não está declarada como sendo uma empresa espanhola e para todos os efeitos corresponde directamente à loja de Leiria (Registo Civil/Predial/Comercial de Batalha, Matricula 745/19991115, NIPC 504662023. Começo a ter dúvidas de que isto alguma vez foi realmente uma empresa...

Pontos 17, 18 e 19, nada de interesse.

"20. Para fazer face às dificuldades da acual conjuntura, a SUPERLIDER vê-se forçada a adoptar medidas indespensáveis para garantir a viabilidade da própria empresa no futuro próximo e que, no actual momento, não permite a manutenção quer dos dois estabelecimentos comeciais, quer dos trabalhadores afectos aos mesmos."

Conjuntura muito mal provada para não dizer inexistente. Forçada penso que não será um termo bem aplicado porque nos anos em que ambas as lojas estiveram abertas ao público, não houve qualquer esforço por parte da entidade patronal em prezar pelo bom funcionamento das mesmas como por exemplo, em Alcochete a loja tem o AC inoperacional há 2 anos, para além da compreensiva atitude dos clientes de não entrar num iglô no Inverno nem numa estufa no Verão, os trabalhadores dessa loja suportaram e continuam a suportar temperaturas interiores que oscilam entre os 10º e os 40º, durante 12 horas por dia, durante todo o ano. Pela falta de clientes dentro das instalações, devido ao clima deveras tropical, não é de admirar que por vezes houvesse quebras de vendas e reclamações porque os vendedores emanavam cheiros não muito suportados...
As medidas de que falam, pelo andar da carruagem, no espaço de um ano, penso que o cenário mais provável será o encerramento de todos os estabelecimentos em Portugal e senão na Peninsula porque em Espanha também já foram alguns!

Pontos 21, 22, 23, 24 e 25, mais conversa barata.

Com isto tudo, até agora temos:

- Comunicação não oficial sem qualquer fundamento
- Reunião com os advogados da empresa e comissão de trabalhadores em "águas de bacalhau" e assistida por alguém não identificado em estado alcoólico
- Comunicação oficial de Despedimento Colectivo não existente
- Continuação de pressão de objectivos de vendas sem comissões ou acesso informático ás mesmas, logo, decréscimo de ordenado na ordem dos 50%
- Continuação de encerramento de lojas e despedimentos colectivos

- MUITA COISA POR ESCLARECER

Já agora, fica o link da empresa mãe http://www.kesaelectricals.com/